Um alto funcionário do Conselho de Soberania de Transição (CST) do Sudão declarou que não haverá negociações com as Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares, enquanto os combates continuam a devastar o país. Malik Agar Ayyir, vice-presidente do CST, fez o anúncio em uma declaração na quinta-feira, publicada pelo Ministério da Cultura, Mídia e Turismo.
Ayyir, falando a ministros e funcionários do governo em Port Sudan, a cidade oriental onde o governo está sediado, rejeitou a ideia de que o conflito em curso visa alcançar a democracia. Ele descreveu a guerra de forma diferente, sem detalhar sua interpretação específica.
"Não há trégua e nenhuma negociação com um ocupante, e que a paz justa que o Sudão deseja será alcançada através do roteiro e da visão de seu povo e governo", disse Ayyir.
O conflito entre o exército sudanês e as FAR começou em abril de 2023, mergulhando a nação em uma crise humanitária e exacerbando as tensões sociais e econômicas existentes. Os combates deslocaram milhões de sudaneses, criando uma complexa teia de migração interna e fluxos de refugiados. O tecido cultural do Sudão foi significativamente impactado, com sítios históricos danificados e estruturas comunitárias tradicionais interrompidas.
O CST foi formado após a destituição de Omar al-Bashir em 2019, com o objetivo de guiar o Sudão rumo a eleições democráticas. No entanto, a contínua influência dos militares e a luta pelo poder entre o exército e as FAR descarrilaram a transição. O conflito reflete divisões sociais mais profundas, incluindo aquelas ao longo de linhas étnicas e regionais, e a competição por recursos e poder político.
A postura do governo contra a negociação sinaliza um endurecimento das posições, potencialmente prolongando o conflito e seu impacto devastador na sociedade sudanesa. O foco em um "roteiro e visão de seu povo e governo" sugere uma tentativa de reunir a unidade nacional e a legitimidade por trás da liderança do CST. No entanto, a exclusão das FAR desta visão levanta preocupações sobre a inclusão de qualquer futuro processo de paz. As consequências a longo prazo do conflito na herança cultural, coesão social e estabilidade política do Sudão permanecem incertas.
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