Myanmar se prepara para uma eleição no domingo, a primeira desde o golpe militar de quase cinco anos atrás, em meio a preocupações generalizadas sobre justiça e intimidação. A eleição, orquestrada pela junta militar no poder, foi rotulada de "farsa" por críticos e é vista com ceticismo por muitos cidadãos.
Em Mandalay, o tenente-general reformado Tayza Kyaw, candidato do partido União, Solidariedade e Desenvolvimento (USDP), apoiado pelos militares, na circunscrição de Aungmyaythazan, realizou recentemente um comício de campanha. O evento, que contou com a presença de cerca de 300 a 400 pessoas, viu os participantes receberem chapéus e bandeiras com a marca do partido. De acordo com o correspondente da BBC no Sudeste Asiático, Jonathan Head, muitos participantes pareciam pouco entusiasmados, murchando no calor, com alguns até cochilando. Head observou que muitas famílias presentes eram vítimas do terremoto que atingiu Mandalay em março, possivelmente esperando por assistência.
A próxima eleição está sendo realizada em um cenário de instabilidade política e repressão após a tomada do poder pelos militares. Os militares derrubaram o governo democraticamente eleito liderado pela Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Aung San Suu Kyi, alegando fraude generalizada nas eleições gerais de 2020, uma alegação amplamente contestada por observadores internacionais.
Embora os militares afirmem que a eleição abrirá caminho para um retorno ao governo civil, muitos a veem como um meio de legitimar o controle da junta. A NLD, que obteve uma vitória esmagadora em 2020, foi efetivamente banida, e muitos de seus líderes e apoiadores foram presos ou forçados a se esconder. Os militares também impuseram restrições rígidas à campanha e à cobertura da mídia, aumentando ainda mais as preocupações sobre a justiça do processo eleitoral.
A comunidade internacional condenou amplamente a próxima eleição, com muitos países e organizações pedindo um retorno à democracia e a libertação de presos políticos. As Nações Unidas expressaram profunda preocupação com a situação dos direitos humanos em Myanmar e pediram um processo político inclusivo e credível.
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