Esta cifra representa uma diminuição significativa em comparação com as 10.457 mortes registadas nos 12 meses anteriores. No entanto, ativistas alertam que a redução de fatalidades não indica necessariamente melhores condições para os migrantes. Helena Maleno, coordenadora de pesquisa da Caminando Fronteras, afirmou que controles fronteiriços mais rigorosos forçaram os migrantes a tomar rotas cada vez mais perigosas.
A diminuição de fatalidades é amplamente atribuída ao policiamento fronteiriço mais rigoroso, particularmente na Mauritânia. Em 2024, a Mauritânia assinou um acordo de migração de 210 milhões de euros com a União Europeia, o que levou ao aumento da vigilância e interceção de embarcações de migrantes. Este desenvolvimento destaca a complexa interação entre acordos internacionais, segurança fronteiriça e a segurança de populações vulneráveis.
Embora controles fronteiriços mais rigorosos possam ter reduzido o número total de travessias, também empurraram os migrantes para rotas mais perigosas, aumentando o risco de naufrágios e outros desastres marítimos. Por exemplo, num incidente separado este ano, 69 pessoas morreram afogadas quando um barco de migrantes naufragou na costa da Mauritânia.
A situação sublinha as considerações éticas em torno do uso de IA e tecnologia no controlo de fronteiras. Embora os sistemas de vigilância alimentados por IA possam melhorar a segurança das fronteiras, identificando e rastreando potenciais travessias, também levantam preocupações sobre privacidade, preconceito e o potencial para consequências não intencionais. A implantação de tais tecnologias exige uma consideração cuidadosa do seu impacto nos direitos humanos e a necessidade de transparência e responsabilização.
A abordagem da UE à migração, que depende cada vez mais de parcerias com países como a Mauritânia, tem sido criticada por organizações de direitos humanos por potencialmente externalizar o controlo de fronteiras e transferir a responsabilidade pela proteção dos migrantes para países com registos de direitos humanos mais fracos. Estas parcerias envolvem frequentemente incentivos financeiros em troca de uma aplicação mais rigorosa das fronteiras, levantando questões sobre o compromisso da UE em defender o direito internacional e proteger os direitos dos migrantes.
O relatório da Caminando Fronteras serve como um duro lembrete do custo humano da migração e da necessidade urgente de políticas de migração mais seguras e humanas. A organização continua a monitorizar as rotas de migração e a defender os direitos dos migrantes, apelando a uma maior cooperação internacional para abordar as causas profundas da migração e fornecer vias seguras e legais para aqueles que procuram refúgio ou oportunidade económica. A situação em curso provavelmente continuará a alimentar o debate dentro da UE e entre os estados membros sobre a melhor abordagem para gerir os fluxos migratórios, mantendo ao mesmo tempo os princípios humanitários.
Discussion
Join the conversation
Be the first to comment